O computador é o fio condutor principal da revolução tecnológica do
século XX. Corpo eletrônico essencial na vida dos seres humanos, mais
valioso ainda é o sangue que corre em suas veias digitais: a internet.
Ela diminui distâncias e interliga todo o planeta. Decididamente sem
fronteiras, cabe em celulares, tablets e futuramente em óculos e
relógios. Os mais jovens, claro, foram os primeiros a abraçar a ideia e
bem antes da era da democratização digital já navegavam na rede através
de lan houses.
Mas os tempos são outros e as necessidades de conexão também. A
popularização supersônica de computadores de mesa e notebooks, além dos
planos de navegação que combinam com a realidade de qualquer um
transformou a internet em uma ferramenta que cabe no bolso. Hoje em dia é
praticamente impossível passar um dia longe da internet.
A jovem Letícia Luana, de 17 anos, vive no Santa Maria da
Codipi e pode até passar algum tempo sem conversar com os pais, mas
longe da internet ela não fica nem em sonhos. A falta de um computador
pessoal em casa
não a impede de ficar o dia inteiro conectada. Graças ao celular, o
planeta cabe literalmente na palma da mão. “Passo o dia inteiro ligada
na ‘net’, meu celular me faz mais companhia que qualquer outra pessoa”,
declara.
O mesmo acontece com o estudante Felipe Augusto. Ele até tem
computador em casa, mas não possui conexão à internet. Enquanto sonha
com um tablet, ele passa horas a fio conectado em seu smartphone e com
ele ganhou o mundo. Ele fala que não frequenta mais lan houses porque o
celular supre as necessidades virtuais dele, mesmo com a tela menor e a
velocidade reduzida.
O Facebook
é o primeiro destino virtual de Felipe. Também é o lugar onde ele passa
mais tempo visitando as amizades digitais e acompanhando o que acontece
com os colegas enquanto ele não está com eles. Mas se engana quem pensa
que o vestibulando usa a ferramenta exclusivamente de forma escapista.
Felipe é um ativista ferrenho e luta por causas sociais com o celular do
lado.
“Graças a ele fiquei sabendo da manifestação para salvar o
rio Poti e fui lá participar. A internet e mais precisamente o Facebook
me possibilitaram conhecer
um monte de gente bacana e consciente dos nossos problemas. São amigos
que farei para a vida e, mesmo sem ver todo dia, estou conectado a ele
dentro da internet”, verbaliza o estudante.
Lan houses entraram em decadência
O crescimento do número de computadores pessoais, internet banda larga nas residências de Teresina e o acesso por dispositivos móveis
fez as lan houses - proliferadas como epidemia há alguns anos atrás -
entrarem em decadência. Muitas fecharam as portas e hoje um pequeno
número dessas microempresas sobrevivem no mercado, a internet móvel
elimina a necessidade delas.
Felizmente, o ramo de jogos virtuais é uma mina de ouro para os
proprietários de lan houses, livrando algumas delas da falência. O
proprietário de uma casa de jogos, Welber Lima Costa, está há 17 anos no
mercado de internet e explica que o lucro com games chega a ser até
cinco vezes maior que com acessos à internet.
Contudo, o avanço da tecnologia é uma faca de dois gumes. De
acordo com estudos realizados em várias universidades ao redor do mundo,
o uso excessivo de internet pode levar ao vício, dificulta o
aprendizado em jovens e acentua os sintomas de ansiedade e depressão.
E por incrível que pareça, os jogos virtuais vão contra a
corrente de isolamento provocada pela internet. Como os joguinhos
virtuais podem ser jogados em grupo, ainda são bastante procurados hoje
em dia. Principalmente para campeonatos virtuais, quando toda a
capacidade da lan house é ocupada por grupos de amigos.
"Existem dois motivos que levam os jovens a jogar em arenas: o
jogo exige uma máquina com bom processador para que os gráficos sejam
executados com perfeição e o jogo rode sem travar e a maioria dos
computadores domésticos não possui essa configuração. Outro fator é a
interação. Como eles se dividem em equipes, é melhor que todos estejam
próximos para poder combinar melhor as estratégias. Para isso, uma boa
máquina é essencial", aponta Welber.
Uso excessivo de redes sociais pode causar depressão
Uma pesquisa realizada pela Universidade Mackenzie, em São Paulo,
constatou que pessoas que cresceram diante das novas tecnologias passam
mais de 250 mil horas, enquanto passam apenas 5 mil horas em frente a
livros.
Também chegou à conclusão que quem passa muito tempo na internet
tem mais propensão a apresentar sintomas de depressão. No entanto, o que
ainda não se sabe é se a rede causa depressão ou se ela atrai os
deprimidos.
A psicóloga Poliana Marques Maton acredita que é uma relação
bilateral. "O uso excessivo da internet está distanciando cada vez mais
as pessoas. Existem quadros patológicos onde algumas pessoas não
conseguem dosar o convívio social com o uso da internet. Elas acreditam
que o universo virtual é mais interessante que o mundo real e caem em
depressão", comenta.
Assim como há indivíduos com tendências depressivas que buscam a
internet como forma de interagir com outras pessoas. Ambos os casos
precisam de cuidados médicos. A profissional recomenda ocupar a mente
com um esporte ou outra atividade ocupacional é importante, pois ajudam a
reduzir a ansiedade e favorecem relacionamentos pessoais saudáveis.
Poliana acredita que o isolamento social causado pelas redes pode
criar uma geração de pessoas cada vez menos preocupadas em estabelecer
relações reais, pois isso já está acontecendo. "Muitos relacionamentos,
amizades, negócios e lazer se concretizam na internet. Ninguém usa mais
cartas ou telefonemas, tudo é virtual. Como impedir o desenvolvimento
tecnológico é impossível, é provável que estejamos caminhando para um
caminho sem volta".
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